quinta-feira, 25 de julho de 2019

14° Dia - Viagem Argentina&Chile: Férias na Neve

De Capilla del Monte à Santa Fé

Acordamos sem muita pressa, pois o "parque" só abriria às 9 horas. Depois de um bom café da manhã, seguimos para conhecer Los Terrones.






Ingressos em mãos, adentramos a propriedade e seguimos por um percurso de aproximadamente 3,5 km até chegar no estacionamento que fica junto ao restaurante e recepção do parque.



O Parque Cultural e Recreativo Indígena Los Terrones está localizado a 14 km da cidade de Capilla del Monte, no vale do Punilla, e a 124 km da cidade de Córdoba Capital, e é acessado pela Ruta Nacional 38. O acesso é feito através de uma área particular, por uma estrada de cascalho, até chegar ao "posto" com restaurante, lojinha e onde ficam os guias. É um lugar muito bonito, cheio de rochas vulcânicas, arenitos de origem triássica de cor avermelhada, que foram esculpidos pela ação da água e do vento, criando formas incríveis envoltos em vegetação densa das Serras das Quijadas e Cañón del Colorado.


Esta propriedade privada, localizada a 1400 m acima do nível do mar, está cheia de história geológica e mistérios que se escondem atrás das rochas.

Uma vez chegado ao estacionamento, somos recepcionados por guias especializados que nos propõe seguir 2 caminhos possíveis:

  • para quem não é adepto de caminhadas, é oferecida uma caminhada de 200 metros ao longo de um caminho no qual se pode observar a vegetação da área, chegando a um ponto onde se pode apreciar as principais formas esculpidas nas rochas que formam Los Terrones.
  • a outra opção é de um trekking de 2 horas, onde se formam grupos de até 10 pessoas acompanhados por um guia, que leva os visitantes até o alto da montanha onde se encontram Los Terrones, contando histórias de óvnis e de como era a vida dos antigos habitantes da região: os comechingones.


Optamos por fazer o trajeto curto, pois percebemos que as crianças já não estavam querendo andar muito e teria uma caminhada de mais ou menos umas 2 horas, ida e volta. Neste percurso não há a necessidade de guia, mas eles se colocam a disposição para qualquer dúvidas ou curiosidade que possa surgir.







Os guias aguçam a imaginação dos visitantes, dando nomes às formações rochosas, como a 'Face do índio'. Na verdade, nós vimos um coelho... rsrsrs



















Los Terrones



De volta ao estacionamento, o guia nos mostrou que haviam condores sobrevoando as rochas... mas estavam muito longe ainda.


Hora de pegar estrada. Decidimos seguir caminho pelo interior...















Civilização a vista...


e de volta a rodovia


O tempo já estava nublado, mas logo começou a chover...


Agora vamos conhecer Miramar. Cidade onde esta localizada a Laguna Mar Chiquita...





Parece o mar.... mas não é...


A laguna Mar Chiquita é um lago de água salgada, endorreico, localizado na província de Córdoba, na região central da Argentina. É o maior lago da Argentina, o quinto maior lago salgado endorreico do mundo e o quinto maior lago de planície do mundo.

Profundidade máxima: 10-11 metros.
Altitude média acima do nível do mar: 70 a 71 nmm.
Volume aproximado de água:100 000 milhões de m³/100 km³.





O famoso hotel Viena...


Um pouco da história

Por volta de 1920, chega a Buenos Aires um jovem alemão chamado Máximo Pahlke e consegue um emprego na Manesmann Argentina, uma subsidiária do famoso homônimo da Alemanha que disputa os mercados mundiais com outras potências. Sendo os acionistas da Manesmann Argentina alemães como Pahlke, ele sobe rapidamente na hierarquia da empresa, juntamente com sua receita. Ao contrário dos outros acionistas da Manesmann que mantêm sua cidadania alemã, o Sr. Máximo se naturaliza argentino e adquire uma Carta de Cidadania Argentina.

Nos anos trinta, uma jovem chamada Melita Fleishesberger, austríaca, nascida em Viena, chega a Buenos Aires. Máximo e Melita se conhecem e se casam no Uruguai. Dois filhos, Máximo Jr. e Ingrid, nascem deste casamento. Dona Melita sofre de asma e seu filho tem psoríase. Ela, sozinha ou com o filho, viaja pelos centros de saúde da Europa sem obter alívio de suas doenças. Como a Europa estava à beira do início da Segunda Guerra Mundial, não pode mais viajar pelo mundo  atrás de cura. Ela foi informado dos banhos de cura da Laguna Mar Chiquita e das aplicações do Fango.  Melita e seu filho partiram para passar o verão de 1938.

Melita e seu filho se hospedam na pensão alemã, cuja proprietária é Doña María Tremensberger, também conhecida como Tante Mimi. Esta pensão estava localizada no canto nordeste do Gran Hotel Viera atual. As comodidades eram mínimas, mas a comida muito saborosa, e muita atenção por parte da proprietária. Em vez de ficar uma semana, Melita acabou ficando duas e depois retorna a B.A.
Naquele inverno, Melita notou uma grande melhora em sua asma e a psoríase de Junior quase desapareceu. No ano seguinte eles retornam a Miramar para a mesma pensão e Melita e Tante Mimi entram em negociações para formar uma meia sociedade, onde Melita investe capital para ampliar e melhorar a pensão. De fato, no ano seguinte a "pensão alemã" já aparece como "pensão de Viena", fotos deste edifício podem ser vistas no Museu Fotográfico da Cooperativa Elétrica de Miramar.

Depois de algum tempo, as relações entre Melita e Tante Mimi são quebradas, a disputa é resolvida com dinheiro com o qual os Pahlke compram a parte de Mimi e permanecem como proprietários únicos da "Pensão de Viena". A sra. Tremensberger compra então, com esse dinheiro, três chalés a meio quarteirão a leste de Viena e constrói uma sala de jantar e outras unidades e, portanto, as duas pensões ficam muito próximas uma da outra, a pensão alemã e a pensão de Viena. O Pahlke demoliu rapidamente o antigo prédio da esquina, e os melhores arquitetos e engenheiros civis de Buenos Aires planejam o futuro Grand Hotel Vienna. 

Assim, no ano de 1941 inicia a construção do enorme GHV, que possuía as seguintes comodidades: Edifício I (Norte) 26 quartos. Edifício II (leste) apenas para solteiros, 30 quartos (este edifício foi concluído em 1947 e nunca foi inaugurado). Edifício III: 8 apartamentos duplex, num total de 16 quartos. Todos os quartos possuíam banheiro privativo. No térreo, localizado próximo ao edifício II, havia um pátio interno arborizado com ladrilhos e uma 'casa' de banhos termais com água quente e fria, salgada e bombeada do mar, com 8 grandes banheiras de azulejos com banheiros e vestiários e,  no andar de cima, ficava a sala de leitura, com 12 mesas duplas de carvalho com papel de carta e envelopes com o logotipo do hotel: uma águia de duas cabeças, que é o escudo da cidade de Viena.

O hotel possuía demais dependências e todos os detalhes você encontra no link ao final do post.


A rua que passava em frente ao hotel chamava-se Belgrano e na propriedade à beira-mar havia uma piscina olímpica de concreto, com água fresca, dois espaços cercados com altos muros para banhos de sol (homens e mulheres separados), solário e no meio, um grande relógio  para notificar os hóspedes da proximidade do almoço ou jantar, a pontualidade era muito rigorosa. A área coberta era de cerca de 9300 metros quadrados, 74 quartos com 120 camas, em um terreno de 5 hectares. Em valores atuais, o investimento seria o equivalente a 18 a 20 milhões de dólares. Nem o Sr. Pahlke, nem os arquitetos e engenheiros nunca se perguntaram a que distância poderia chegar a água desta lagoa, porque todo mundo sabia que era uma bacia sem drenagem, hoje sabe-se com exatidão após uma inundação dolorosa que quase destruiu toda a cidade em 1984.

Vale ressaltar que o capital investido no GHV foi totalmente aportado pelo Sr. Máximo Pahlke, que até vendeu uma Estância na Patagônia. Hitler usou o hotel como refúgio de descanso dos hierarquistas nazistas no pós-guerra. O hotel funcionou de 1943 a 1947, quando fechou por um longo período, devido a desentendimentos da sra. Melita com a equipe do hotel. Teve como cuidador  o Sr. Carlos Krüger junto com sua parceira, a Sra. Ana, e Carlos que  trabalhavam na construção. O Sr. Krüger veio do Brasil, de uma fazenda perto de São Paulo, era originário da Alemanha emigrou antes de 1930 para o Brasil e de alguma forma ficou amigo de Dom Máximo Pahlke, que o chamou em 1941 para Miramar. Em 1952, Krüger morre de ataque cardíaco e é enterrado no cemitério de Balneária (porque o de Miramar ainda não existia), sua parceira Dona Ana desaparece e não foi vista novamente ou mencionada por ninguém.

Por recomendação de um homem chamado Antonio que conhecia os Pahlke, ele sugere a contratação do Dr. Koloman Kolomi Geraldini da Eslováquia para cuidador. Advogado, escritor, poeta e tradutor de clássicos, o esloveno de 44 anos, falava sete idiomas, incluindo o alemão. Uma noite em dezembro de 1952, ele foi convidado por Pahlke para jantar e conversar no GHV; como resultado dessa reunião, eles o levam como cuidador sem remuneração.  Desde o ano de 1952 até 1964, A família Kolomi morava no GHV e lidava com Don Máximo, Dona Melita, Dr. Máximo Pahlke Jr. e, ocasionalmente, sua irmã Ingrid; São onze anos de contato pessoal e podemos dizer, sem medo de errar, que o povo de Miramar é o que há mais tempo lida com a família Pahlke e a única razão pela qual eles escolheram Miramar para esse empreendimento é pelos maravilhosos dons de cura de suas águas, lama e seu microclima, em outras palavras, este hotel é um monumento criado para usufruir dos benefícios da lagoa Mar Chiquita.

Em 1960, a sra. Melita, sabendo que o filho mais novo do dr. Kolomi iria estudar engenharia na Universidade do Litoral em Santa Fe, trouxe-lhe de presente um belo estojo de bússolas de 25 peças Mark "Richter" da Alemanha. Don Máximo e Doña Melita não voltam mais ao GHV desde então, e o tratamento continua com o filho, Dr. Máximo Pahlke (junior) até em 1963, eles decidem de comum acordo reabrir o GHV, para que ele pare de causar perdas e Dr. Kolomi assumiu o serviço e a administração como gerente. Em 1965, o Dr. Pahlke (Jr.) criou a Waldorf Society e a CIA SA. contratando Sr. Sosa como novo gerente. Dr. Kolomi entra em desavença com o Dr. Pahlke que se retira do GHV com sua família e desde então, o GHV está nas mãos do Waldorf e CIA SA. que até funciona com alguma permissão precária concedida pelo Município para explorá-lo com visitas guiadas que acabaram deturpando a verdade, introduzindo mentiras sobre o ouro nazista e, recentemente, sobre "fantasmas", que ninguém viu ou documentou, talvez tudo para criar uma aura de misticismo que favorece o interesse em visitar o GHV. 

Nos anos 70, Sr. Sosa é preso e leva todas as louças, roupas brancas (500 lençóis e toalhas) e com a ajuda de um zelasor, retirou praticamente tudo do hotel. Finalmente em 1978, com a inundação da lagoa devido às chuvas torrenciais, acaba inundando o porão e destruindo a parte de alvenaria da lado norte do edifício I. No ano de 1956, por sugestão da família Kolomi, a sra. Melita doa um altar de mármore branco e duas estátuas de anjos com castiçais de bronze aos franciscanos da capela de San Antonio, cujo atual proprietário é o Sr. Francisco Sudar.

Você pode conhecer toda a história no link, ao final do post. 


Vamos seguir...


Aires decidiu seguir pelo GPS para chegar mais rápido à rodovia e acabou nos levando a uma rua que dava numa plantação. Voltamos e ele optou por pegar uma atalho por conta.... pensa numa lama escorregadia...



Mas o carrinho deu conta de sair do atoleiro... com a ajuda do motorista, claro!



De volta à rodovia, seguimos para Santa Fé.





Pegamos chuva pelo caminho, chegamos à noite na cidade e tivemos certa dificuldade em conseguir hotel. Por fim, ficamos num hotel BEM simplezinho... Tomamos um banho, fomos fazer um lanche e dormir, porque o dia amanhã será bem longo!



Até mais


Por Patricia Pilonetto


Pernoite em Santa Fé ARG: Hotel Lucas - 1.700 pesos argentinos, com café da manhã e garagem.
Total percorrido: 531 Km


Entrada Los Terrones: 300 pesos por pessoa
Mais informações: http://losterrones.com.ar/

História do Gran Hotel Vienna:  https://www.granhotelviena.com/la_verdadera_historia/


Nenhum comentário:

Postar um comentário